Fernando Trabach Filho

Inflação silenciosa: quando o aumento dos preços passa despercebido pelas estatísticas oficiais

Yves Ivanovna
By Yves Ivanovna 4 Min Read

O administrador de empresas Fernando Trabach Filho enfatiza um fenômeno pouco discutido, mas que afeta diretamente o poder de compra da população: a inflação silenciosa. Esse tipo de inflação não aparece com clareza nos índices oficiais, mas se manifesta no dia a dia, em mudanças sutis na qualidade, no tamanho dos produtos ou até mesmo na ausência de reposição de determinados itens nas prateleiras.

Diferente da inflação tradicional, que é amplamente divulgada pelos meios de comunicação e acompanhada por indicadores como o IPCA, a inflação silenciosa se esconde nos detalhes. Empresas, diante do aumento dos custos de produção, adotam estratégias para manter os preços aparentes, enquanto reduzem porções, simplificam embalagens ou substituem ingredientes mais caros por outros mais baratos. O consumidor paga o mesmo, mas leva menos ou recebe algo inferior.

Por que a inflação silenciosa não aparece nos índices oficiais?

Os principais índices de inflação consideram o preço final do produto, mas nem sempre avaliam mudanças na qualidade ou no volume. Quando um pacote de biscoitos passa de 200g para 180g mantendo o mesmo preço, o dado registrado não indica variação, embora o custo por grama tenha aumentado. Fernando Trabach Filho explica que, nesses casos, o impacto no orçamento do consumidor é real, mas estatisticamente invisível.

Esse cenário acaba gerando uma sensação de distorção entre o que se vê nos relatórios econômicos e o que se sente na prática. A população percebe que está comprando menos com o mesmo valor, mas não encontra respaldo nos indicadores tradicionais. Isso pode comprometer a credibilidade de políticas públicas e dificultar o planejamento financeiro de famílias e empresas.

Fernando Trabach Filho
Fernando Trabach Filho

Quais setores mais recorrem a esse tipo de ajuste?

O setor alimentício é um dos principais exemplos de onde a inflação silenciosa se manifesta com mais frequência. Mudanças em embalagens, reduções em gramaturas e alterações na composição dos produtos são práticas recorrentes. Segundo Fernando Trabach Filho, essas alterações nem sempre são claramente comunicadas ao consumidor, o que torna o problema ainda mais complexo.

Produtos de limpeza, higiene pessoal e até mesmo planos de serviços digitais também recorrem a estratégias similares. Nesses casos, há redução de funcionalidades, limitação de acesso ou inserção de tarifas ocultas, tudo para manter a aparência de estabilidade de preços. O resultado é um desequilíbrio que impacta o consumidor médio sem que ele perceba de imediato.

Quais os riscos dessa percepção distorcida da inflação?

Quando a inflação oficial não reflete a realidade vivida pelas pessoas, surgem problemas de confiança e desinformação. Muitas famílias se sentem frustradas por não conseguirem equilibrar o orçamento, mesmo com a inflação “sob controle”. Fernando Trabach Filho explica que esse descompasso entre números e sensação cotidiana pode gerar descrença nas políticas econômicas e no governo. A inflação silenciosa, por ser menos mensurável, também dificulta a construção de estratégias econômicas eficazes, tanto no setor público quanto no privado. A consequência é um ambiente de insegurança generalizada.

Considerações finais

A inflação silenciosa reforça a necessidade de repensar os instrumentos usados para medir o custo de vida e o poder de compra. Fernando Trabach Filho destaca a importância de incluir critérios mais amplos nas análises, considerando a qualidade, o volume e as alterações estruturais dos produtos e serviços oferecidos. Sem isso, a fotografia da economia permanecerá incompleta. Entender esse fenômeno é essencial para garantir mais transparência nas relações de consumo e mais assertividade nas decisões econômicas.

Autor: Yves Ivanovna

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