O recente livro A Metade Perdida tem feito muito sucesso entre os leitores, afirma Rafael Libman, amante da literatura. O livro contém questões atuais que permeiam os temas de racismo, colorismo, passabilidade entre outros conceitos íntimos da vida como família, laços sanguíneos e afetivos.
O livro conta a história de duas irmãs gêmeas que tomam rumos e decisões diferentes na vida que, posteriormente, refletirá e muito em suas trajetórias. As irmãs Vignes, Stella e Desiree são gêmeas idênticas, portanto, possuem o mesmo tom de pele: são negras de pele clara, porém ambas encaram a questão racial de formas diferentes como veremos a seguir.
O livro conta mais do que a história de duas irmãs que tomam caminhos diferentes, relata e evidencia a existência de uma sociedade racista e doente. Diálogos são importantes para romper com esse preconceito instalado, ressalta Rafael Libman.
Em um dado momento as irmãs se separam e partem para novos rumos em suas vidas, mas algo interessante ocorre, enquanto Desiree mantém laços com sua ancestralidade e comunidade, Stella vai em direção ao oposto, casa-se com um homem branco e parte em busca de passabilidade, vive em um bairro de pessoas brancas, enquanto Desiree casou-se com um homem negro. Ambas são mães de uma filha, fato que, posteriormente, surtirá efeito na narrativa.
Vale ressaltar que Stella não mudou em nada, seu nome e sua certidão continuam iguais, o que muda é o olhar que a sociedade tem sobre ela e que refletiu em si. É um livro fantástico, salienta Rafael Libman. Anos depois, ao se reencontrarem, as irmãs veem refletidas as mudanças, e questionamentos e pensamentos surgem.
Mais do que tudo, não se trata de uma narrativa que julga as decisões da irmã que, de certa forma, abandona suas origens, consiste em uma narrativa que faz o leitor imergir na história e entender as razões pela qual Stella toma esse rumo, pois tem muito a ver com seu passado e com a sociedade em que vive, visto que todos esses elementos são importantes na hora de tomar decisões e moldar vidas.